
O mundo ficou chocado ao ler notícias recentes sobre o escândalo do "Sofagate", ocorrido na Turquia, sério concorrente brasileiro em questões de machismo. Vimos nas fotos reproduzidas nos meios de comunicação, acontecer uma reunião no palácio presidencial turco, onde o presidente Recep Tayyp Edogan, recebeu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel e outras autoridades. Todos com lugares demarcados, com exceção de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que teve que buscar um canto num sofá na mesma sala, pois não tinham reservado um lugar para ela por ser mulher. Para muitos a situação foi extremamente constrangedora e vexatória .
Se fatos como esses são realidade nos dias de hoje eles têm paralelos nos mais diversos setores, tanto público como privado. Vejamos o que acontece por aqui. Luiza Trajano, empresária e líder inconteste de diversas iniciativas, fundou o movimento “Mulheres do Brasil" que visa ampliar o protagonismo do gênero feminino nas mais diversas áreas. Deste movimento surgiu o projeto propondo que 30% das vagas de conselheiros nos Conselhos sejam ocupadas por mulheres. A deputada Tabata Amaral irá protocolar o projeto no legislativo. É válido impor uma cota mínima de mulheres no conselho ou não? Na Europa este assunto já foi palco de debates há muitos anos atrás e não há consenso sobre a questão, mas gradativamente legislações de alguns países como França, Reino Unido, Alemanha têm imposto a obrigatoriedade da participação feminina na composição de Conselhos. Na França, as cadeiras ocupadas nos Conselhos por mulheres é de 27% e no Reino Unido é de 19%. Na África a participação é de 18%. Nos Estados Unidos é de 17%. O Japão e a Coréia do Sul apresentam percentuais a ao redor de 1%. No Brasil esta participação é de 5%. Na Rússia e Argentina não se tem notícias de mulheres conselheiras. O movimento de Luiza Trajano vem em boa hora. Precisamos diversificar a composição de nossos Conselhos em relação ao gênero e idades de seus participantes. Os dias de hoje estão fazendo que cada vez mais os consumidores assumam um maior protagonismo, contando a seu favor com novos e poderosíssimos instrumentos da tecnologia. Portanto rejuvenescer e diversificar os Conselhos é fundamental para que as empresas continuem a ser competitivas e atender seus mercados. Tenho participado de diversos Conselhos onde a participação das conselheiras têm enriquecido sobremaneira as discussões sobre os mais diversos assuntos. Seja ao redor de temas econômico-financeiros, marketing, tecnologia ou política, nunca detectei qualquer desigualdade entre homens e mulheres. Infelizmente o problema vem parcialmente da base. Os homens ainda predominam na maioria das posições executivas no País. Em geral, os membros de um Conselho, quando surge a vacância, tentam buscar entre seus pares a indicação de um nome conhecido. A referência, recairá preferencialmente sobre um amigo, conhecido ou parente que, na maioria das vezes, é uma pessoa do mesmo gênero.
Deveria haver um impeditivo em relação às indicações. Toda e qualquer contratação de um conselheiro deveria passar por um agente externo, por exemplo uma consultoria especializada em recrutamento e seleção de executivos. Com certeza, começaram a surgir indicações de mais mulheres, pois o mundo acadêmico e empresarial reserva muitos nomes de excelência que poderiam ser indicados. Vamos torcer para que o projeto de Luiza Trajano tenha sucesso e seja aprovado em Brasília. Seria um grande passo em direção ao aprimoramento da governança corporativa no Brasil. O projeto preconiza que num prazo de 06 anos tenhamos 30% de mulheres nos Conselhos, o que seria uma grande conquista!
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