Qual a idade certa para entrar no Conselho da empresa familiar?
- Thomas Lanz
- 29 de jun.
- 3 min de leitura

No decorrer das discussões com as famílias empresárias sobre os mais diversos assuntos que compõem a elaboração dos Protocolos Empresariais ou Familiares, sempre ocorre uma pausa parr a discussão mais prolongada sobre a idade ideal para que os futuros herdeiros participem das reuniões de Conselho da Empresa.
A verdade é que não existe uma regra definida para esta questão.
Muitas famílias, inclusive consultores de famílias empresárias, são favoráveis a que os jovens comecem a participar o quanto antes das reuniões de Conselho. Tem gente que até defende que, poderia haver a participação de jovens a partir dos 12 anos. O que é um absurdo!
No início, devemos encarar a participação dos jovens nos Conselhos como um processo pedagógico. Sob este aspecto os filhos deverão conhecer a empresa e ver como os pais dirigem e comandam a instituição. Certamente haverá momentos em que eles não entenderão muito sobre os assuntos tratados nas reuniões e nem tenharão o embasamento acadêmico necessário para avaliar o impacto dos assuntos discutidos. A parte econômico-financeira , por exemplo, geralmente gera um grande ponto de interrogação e o aproveitamento é muito pequeno. Há casos em que os jovens formam uma relação de repulsa em relação ao Conselho, aos pais e à própria empresa por serem obrigados a participar das reuniões de Conselho para eles, considerada enfadonha e desinteressante. O certo é que a participação de jovens no Conselho começa a ficar interessante para eles a partir dos 17/18 anos.
Academicamente eles já estão melhor formados e, em geral, começam a demonstrar maior interesse em relação aos negócios da família. Assuntos relacionados à economia, política, só para citar alguns, começam a atrair a atenção. . Nesta fase é sugerido que os jovens participem como conselheiros ouvintes pois dificilmente estarão prontos ou maduros para expressar suas opiniões de forma consistente. De outro lado, a forte presença dos pais, faz com que os filhos, que ainda não têm como contradizer a opinião da mãe ou do pai, ainda mais na presença de terceiros.
Outro aspecto importante, e que deve ser decidido na esfera familiar, é que todos os filhos, sem exceção, devem ser convidados a participar das reuniões de Conselho. Há casos em que os fundadores só convidam filhos homens para o Conselho, ou mesmo discriminam aqueles que resolveram seguir uma carreira em áreas diferentes daquelas da empresa. É preciso considerar que todos, são tão " donos " da empresa quanto seus irmãos que, por um motivo ou outro, irão trabalhar nos negócios da família. Muitas vezes os " deixados de lado " poderão após muitos anos se transformar no estopim de sérios conflitos familiares, atravancando em especial decisões estratégicas e táticas do negócio familiar. À medida que o jovem adulto cresce e se desenvolve em sua carreira profissional, sua participação no Conselho deverá ser cada vez mais ativa e incisiva pois a tendência é ter maior conhecimento de causa e poder contribuir para o todo. De outro lado, é importante considerar que à medida em que a participação aumenta, os herdeiros irão se credenciando também para o processo sucessório, onde o conhecimento e a discussão dos diferentes assuntos lhe abrirão as portas para os tantos aspectos da governança corporativa.
Por fim, temos os herdeiros que começam a participar dos Conselhos a partir dos 35 - 40 anos trazendo uma bagagem profissional adquirida nos mais diversos campos de atuação. Em geral, pedem para ingressar nos Conselhos por conta própria, pois querem saber e vivenciar aquilo que também é seu independentemente de trabalhar ou não na empresa. Estes herdeiros, entram nos Conselhos ávidos por fazer perguntas e questionar.
Irão provavelmente mudar o ritmo das reuniões de Conselho e se posicionarão mais firmemente perante os pais.
Pessoalmente acredito muito na entrada dos herdeiros quando mais maduros, mesmo daqueles que trabalham na empresa desde jovens. Cada família deverá discutir e decidir. Importante é a troca de ideias sobre experiencias já vivenciadas por outras famílias empresárias. Como sempre gosto mencionar: não existe o que é certo e o que é errado para a família empresária. Certo é o que a família decidir.
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