Ameaças à continuidade das empresas familiares
- Thomas Lanz
- 10 de out.
- 3 min de leitura

A sucessão é um tema sempre presente quando o assunto são as empresas familiares. As estatísticas apontam que um dos maiores desafios das famílias empresárias é conseguir terminar e garantir o processo sucessório de seus negócios. Infelizmente os números apontam que o desafio da continuidade administrativa é uma das principais causas do fechamento das empresas familiares ou de sua venda. Para muitos este processo é simples. Basta definir o sucessor, empregá-lo na empresa onde ele vai aprender sobre os negócios e um belo dia passar o bastão. Se fosse tão simples assim, não teríamos cerca de 66% de conflitos originados por motivos ligados à sucessão. E menos de 7% das empresas familiares conseguem chegar à 4ª geração.
Sucessão é um processo complexo e neste contexto a empresa deveria ser vista como um todo e ser preparada para receber a nova liderança. E, para isto, não basta apenas mirar no sucessor e no sucedido.
Vamos dar um exemplo. Uma empresa tem em vista fazer a sucessão para um determinado herdeiro. Uma das primeiras questões a serem levantadas é saber se ele se sentiria bem trabalhando com a equipe existente. Muitas vezes os herdeiros não querem entrar em choque com o fundador ou antecessor, embora queiram trocar boa parte da equipe sob a sua gestão. Isto requer tempo e habilidades no trato com pessoas e muitas falhas ocorrem neste processo. Há também situações nas quais o fundador acaba retornando à empresa e reassumindo o comando dos negócios.
E os motivos são os mais variados. Ao não encontrar novos desafios na sua vida de aposentado, o fundador faz de tudo para retornar à empresa. Em outros casos, o sucessor não performa bem e precisa de alguém para ajudar no comando.
Outro ponto importante é saber se o Conselho da empresa discute a questão da sucessão. O Conselho é um bom fórum para este tipo de assunto, pois tratará o tema de forma mais objetiva. Deixar este tema para ser discutido somente em âmbito da família coloca a pauta em risco por causa do componente emocional envolvido.
Em caso de ausência de um Conselho, um profissional do mercado pode ser convidado a ajudar no processo. A empresa tem Protocolos Familiares que abordam a sucessão? Os conteúdos destes protocolos foram elaborados conjuntamente pelos sócios familiares ou foram trazidos de fora sem o devido processo decisório e discussão conjunta? A estrutura societária já está pensada e reformulada tendo em vista a família que certamente cresceu e novos núcleos familiares foram se desenvolvendo ao longo do tempo?
Este é um ponto crucial para mitigar conflitos futuros. A participação de todos os sócios e herdeiros neste processo é muito importante. Havendo o consenso familiar em torno da questão societária , assegura-se a perpetuação da empresa familiar.
Qual o horizonte de tempo que temos para realizar a sucessão propriamente dita? Estamos falando de meses ou de anos? O bom seria que tivéssemos 5 ou mais anos pela frente para conduzir todo o Plano de Transição. Infelizmente, na maioria dos casos, este processo é feito na correria , o que aumenta as chances de levar ao seu fracasso.
A escolha do herdeiro acontece considerando critérios racionais? Os futuros dirigentes passam por processos formais e profissionais de avaliação de competência, personalidade e habilidades, ou contrariamente o viés emocional apontará quem deverá ser o sucessor? Em escolhas emocionais, acontece muitas vezes a escolha pelo filho que é mais bem visto pela família, não por sua competência, mas por sua capacidade de se relacionar com os pais.
Podemos dizer que para todas as famílias empresárias o tema sucessão deveria ser prioritário a ser abraçado muito tempo antes da sucessão propriamente dita ocorrer. A sucessão requer muita análise e reflexão sobre aspectos humanos, societários, administrativos e de governança. Não abordar o todo holisticamente deixará o processo imperfeito e trará uma série de riscos ao negócio familiar.










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