
Conflitos podem ser necessários mas também podem ser destrutivos.
Quando falamos sobre seu efeito demolidor, as estatísticas em nível mundial apontam para números bastante elevados. Mais de 60% das empresas fecham ou são vendidas devido a conflitos.
Poucas são as famílias empresárias que conseguem entregar os seus negócios para a quarta geração.
O conflito visto de seu lado negativo é aquele que vem carregado de emoções. Pode acontecer que, a partir de uma resposta dada de forma ofensiva e tom de desprezo, uma reunião entre membros da familia comece a desandar. Muitas das emoções surgem de repente, trazidas à tona a partir de sentimentos de raiva, medo ou hostilidade que nem sempre são facilmente detectáveis. O fato é, que latentes, os sentimentos estão constantemente presentes, de forma mais ou menos acentuada nos membros da família empresária, onde os parentes na maioria dos casos são coparticipes na gestão dos negócios. No ambiente de trabalho empresarial, a razão deve ser o condutor dos negócios.
A lógica das decisões, do planejamento estratégico, as análises de causas e efeitos e o risco empresarial devem ser analisados livres de emoções. Mas, se formos pesquisar um pouco mais, vemos que muitas decisões são tomadas em ambientes tensos e carregados de emoções, onde a lógica é deixada de lado.
Por exemplo, um irmão mais jovem, diretor financeiro da empresa que regularmente coloca dificuldades ao irmão mais velho, diretor industrial, com necessidades de recursos para investir ou adquirir matérias primas, acarretando prejuízos operacionais aos negócios.
Brigas matrimoniais podem causar igualmente grande stress e prejuízo. Quantas vezes uma das partes se recusa a assinar um documento, por força do regime de casamento, para prejudicar o cônjuge que é o responsável pelo negócio. Não percebe entretanto que, com essa atitude, estará prejudicando a sua própria pessoa, o patrimônio que será herdado pelos filhos e o negócio como um todo. A partir dessas desavenças pessoais, filhos e parentes serão influenciados a tomar partido em favor de um ou de outro, criando no ambiente empresarial uma situação de tensão.
Voltando à questão do paradoxo, os estudos também mostram que os conflitos, quando estão baseados na troca de diferentes opiniões são extremamente positivos e fundamentais no ambiente dos negócios.
A divergência sobre os mais diversos assuntos é peça-chave para a criatividade, desenvolvimento e inovação.
Uma empresa não pode ficar estagnada e são exatamente as divergências que propulsionam o seu crescimento. Imaginemos reuniões de negócios onde ninguém emite sua própria opinião e onde somente a opinião do dono é válida. A empresa que opera nesses moldes estará sujeita ao insucesso e com poucas perspectivas de um crescimento sadio.
Entretanto, quando a discórdia em relação aos assuntos se transforma num "acordo" a partir de um debate entre os membros, aí sim o resultado é positivo. O papel de uma liderança, seja um gestor contratado no mercado ou o dono de uma empresa é fundamental para que se fomente este ambiente de troca de ideias construtivas nos locais de trabalho e na empresa.
O grande desafio é distinguir os dois tipos de conflitos que predominam nas empresas familiares. Os componentes emocionais se misturam aos racionais e vice-versa. O que fazer?
As partes de forma madura precisam chegar à conclusões buscando a solução " em casa " sem ter que capitular perante os tribunais. Existem diversos caminhos a serem escolhidos, desde a negociação direta até processos onde, com ajuda de pessoas experientes e de confiança, as partes se sentam em torno da mesa para buscar uma conciliação.
O ideal é evitar que os conflitos negativos evoluam e cheguem aos tribunais ou câmaras de arbitragem. Qualquer veredito que seja dado pelos tribunais ou câmaras apontará um lado vencedor e outro perdedor. A resposta aos conflitos não se resume somente à solução de controvérsias passadas. O importante é que sejam colocados novos objetivos, metas e desafios comuns às partes.
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