Com frequência me indagam sobre a necessidade de termos um procurador no Conselho Consultivo, quando passamos a elaborar o Regimento Interno do conselho. É natural que surja esta preocupação, pois os empreendedores que decidem montar os seus conselhos, em geral não tem a vivência e experiencia em relação ao assunto.
Acham que o Conselho conseguirá levar adiante seus trabalhos normalmente, mesmo com procuradores representando membros efetivos.
Mas a realidade nos mostra que não é bem assim.
A participação de um procurador pode se tornar um problema para o bom funcionamento do Conselho.
Uma vez formado o Conselho, os seus membros deverão atuar como uma equipe que busca o desenvolvimento das instituições a que servem. Neste contexto, os mais diversos temas são debatidos, desde acontecimentos externos às empresas, assim como questões internas ligadas ao desenvolvimento de produtos, investimentos, recursos humanos, conflitos internos e tantos outros pontos de cunho estratégico e tático. É natural que, no decorrer das reuniões, haja debates fortes e mornos, o que é natural e saudável para o fortalecimento do Conselho. O resultado do trabalho da equipe de conselheiros irá se mostrar cada vez mais efetivo à medida que seus membros se conheçam melhor, adquiram uma boa noção do mercado em que a empresa atua, conheçam bem os processos de gestão e sobretudo a maneira de ver e pensar dos sócios majoritários das empresas e a maneira como os processos decisórios são modelados.
Este conjunto de atributos adquiridos ao longo do tempo levam um tempo para amadurecer.
Assim é dificil acreditar que alguém que não atue no Conselho de forma regular possa participar e contribuir como alguém com mais tempo de exercício no cargo. O aculturamento e amadurecimento têm seu valor e se fazem necessários.
A prática tem demonstrado, que muitos Conselhos adotam o período de experiência para os novos entrantes. As primeiras reuniões com um novo membro servem para analisar a sua interação com os demais conselheiros, sua postura, a riqueza de suas contribuições, sua visão empresarial e assim por diante. Caso sua integração não atenda às expectativas do grupo o Conselho toma a liberdade de buscar um novo conselheiro.
A busca de novos conselheiros é algo normal para um Conselho. Muitos estudiosos da Governança Corporativa acham que a cada três anos um conselheiro deveria ser substituído por um novo.
Não compactuo com este ponto de vista, pois o tempo de permanência de um conselheiro na equipe pode trazer cada vez melhores resultados e contribuições para os processos decisórios, já que ele estará mais integrado à equipe, conhecerá melhor a empresa e seu universo de atuação e sobretudo estará "em casa" em relação à dinâmica dos processos decisórios.
Um conselheiro deverá permanecer no cargo enquanto estiver contribuindo de forma positiva, agregando valor ao trabalho da equipe e sobretudo contribuindo para o pensar estratégico do Conselho.
A prática mostrará que trazer um procurador para o Conselho não traz resultados tão positivos. Ele certamente terá dificuldades em exercer o seu papel, participar em processos de votação em assuntos com os quais não está muito familiarizado e contribuir de fato com os propósitos do Conselho.
O que muitas famílias fazem, com o consentimento dos sócios da empresa é nomear "Conselheiros Ouvintes" que participam de todas as reuniões acompanhando desta forma os processos decisórios e trabalhos gerais do Conselho. Havendo a falta do titular, não há maiores entraves em ter a participação do conselheiro ouvinte nos processos decisórios. Há Conselhos que admitem membros do núcleo familiar como procuradores. Esta prática pode ser prejudicial para o bom funcionamento do Conselho e muitas vezes é reflexo de conflitos existentes entre membros de uma mesma família.
Já no caso dos conselheiros externos ou independentes a questão do procurador nem aparece já que não representam nenhum sócio. Havendo a necessidade, o externo ou independente seria substituído ao longo do tempo.
תגובות