
A passagem de bastão do comando de uma empresa familiar é sempre observada com uma certa cautela por parte dos inúmeros stakeholders que ficam com a pergunta: será que vai dar certo? A questão sucessória nas empresas de âmbito familiar é algo que requer muito cuidado e preparo por parte dos proprietários. Temos visto muitas empresas passarem por muitos problemas depois que a responsabilidade pelo negócio foi para novas mãos. Falta de liderança, insegurança ou inexperiência do novo ocupante do cargo podem ser alguns deles.
Não é fácil assumir o comando da empresa no lugar do pai, mãe, fundador ou criador do negócio. Estes, além da experiência e vivência no ramo, souberam consolidar sua liderança ao longo do tempo.
Muitas vezes, o sucessor, está no comando mas ainda não lidera a empresa. Esta tênue diferença é muito importante nos negócios.
Há inúmeros casos de insucesso na passagem de bastão e que são a consequência da própria condução do processo sucessório pelo fundador da empresa.
Muitas vezes os atuais líderes não se preocupam com a sucessão por medo de largar aquilo que foi construído ao longo dos anos. É muito comum ver pioneiros pensar na sucessão muito tardiamente, quando os filhos já estão na fase adulta, trabalhando fora ou nos negócios da família.
Além da insegurança em passar o mando do negócio para os filhos, há muitas vezes problemas de relacionamento, conflitos entre membros da família, principalmente entre irmãos. A trilha sucessória portanto, não é fácil e coloca uma série de percalços que precisam ser resolvidos desde o início.
Fica mais difícil arrumar as coisas no final do segundo tempo. A questão sucessória deveria ser pensada desde a tenra juventude dos filhos e/ou herdeiros. Os pais por exemplo, devem observar o relacionamento de seus filhos com amigos e colegas. Qual o temperamento deles? Mostram aptidão para liderança? Assumem acertos e erros? Como é o relacionamento entre os irmãos? É belicoso ou existe espírito de companheirismo? Qual a vocação dos filhos? Tendem a mostrar mais interesse por assuntos tecnológicos, ou ligados a ciências humanas, artes ou exatas?
Todos estes aspectos deveriam ser observados no decorrer dos anos e através de um intenso diálogo com os herdeiros, sentir de perto a vocação vai aparecendo nos jovens. No Brasil, como em muitos outros países, é arraigada a crença que uma empresa familiar deverá ser administrada por um membro da família. Isto faz, com que os pais, tentem por todos os meios atrair os filhos para seus negócios, sem pensar se esta é a vontade dos filhos. Muitos não têm outra escolha e são induzidos a ingressar pelo portão da carreira profissional nos negócios da família. Se, por um lado, ver os filhos na organização dá uma certa tranquilidade aos pais, por outro, é preciso observar muito de perto se eles estão preparados para o desafio ou se precisam de ajuda adicional.
Um genitor que acompanha de fato os filhos, saberá detectar se este poderá ser seu sucessor ou não. Pode acontecer que nenhum deles seja talhado para ser o futuro CEO da empresa. Neste caso, os fundadores precisarão formar seus filhos para serem controladores do negócio familiar e deixar que a empresa seja conduzida por um profissional do mercado.
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