A segunda geração vai assumir. Chegou a hora da verdade
- Thomas Lanz
- 20 de mai.
- 2 min de leitura

Em geral, somos bastante observadores do convívio entre pais e filhos – especialmente quando as crianças são pequenas.
Por exemplo, a falta de diálogo com os filhos é gritante, quando num restaurante são dadas às crianças IPads para que sejam distraídas por desenhos ou filmes infantis, poupando os pais de terem que interagir com os filhos o que para eles, pais, é muito cômodo mas muito danoso à educação e ao relacionamento entre pais e filhos. Pesquisas recentes apontam que 95 % dos jovens de 9 a 17 anos já utilizam a internet no Brasil, e 24 % deles tiveram o primeiro contato com telas antes dos seis anos de idade UFJFCetic.br. Outra situação bastante comum: no clube esportivo que frequento, famílias levam as babás para cuidar dos filhos enquanto os pais vão se distrair ou praticar esportes com seus amigos. Na realidade a família vai junta, mas não está junta.
No ambiente familiar, falta de tempo e paciência têm levado a um distanciamento afetivo. A ausência de conversas regulares, de contação de histórias e de brincadeiras conjuntas pode ter impactos duradouros: estudos globais indicam que 1 em cada 7 adolescentes sofre de algum transtorno mental – como ansiedade (27,5 %) ou depressão (12,7 %) – muitas vezes desencadeados ou agravados pela falta de suporte e acolhimento na infância PMCUNICEF. Além disso, sabe‐se que metade dos problemas de saúde mental se manifesta antes dos 14 anos, ressaltando a importância do acompanhamento parental desde cedo.
Quando chegam à adolescência, os jovens buscam afirmar sua identidade e esperam que suas vozes sejam ouvidas. Contudo, em muitas famílias empresariais brasileiras – que representam cerca de 90 % dos negócios do país – prepara‐se os herdeiros para os empreendimentos desde cedo. Essa pressão por participação precoce, aliada à falta de interesse real nos anseios dos filhos, tende a gerar ressentimento e distanciamento emocional, criando um terreno fértil para conflitos de longa duração.
Inegavelmente, o acolhimento, o carinho e o diálogo aberto são fundamentais para construir respeito mútuo e cooperação. Quando esses aspectos não são cultivados, o relacionamento entre pais e filhos fica fragilizado, e os potenciais conflitos familiares — que se estendem ao ambiente de negócios — tornam‐se muito mais difíceis de resolver. Investir tempo de qualidade e demonstrar interesse genuíno pelas emoções e opiniões dos filhos é a base para um futuro em que tanto a família quanto a empresa possam prosperar juntas. Sem isso, a empresa familiar sofre ou vai sofrer em um futuro próximo quando a nova geração tomar o bastão dos negócios.
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