A dificil arte de montar um Conselho
Muitos fundadores de empresas que já atingiram um certo tamanho, sonham em ter um Conselho em sua estrutura organizacional.
Imaginam que a instalação de um Conselho é relativamente simples, bastando para isso reunir um grupo de pessoas que entendem alguma coisa de negócios para começar a funcionar e a coisa não é bem assim.
A primeira questão que precisamos colocar sobre a mesa é a pergunta: para que queremos ou precisamos de um Conselho?
Vejo que muitos empresários convocam reuniões de Conselho sem nem saber direito o que pretendem alcançar. Quantas reuniões se iniciam sem que uma pauta básica de assuntos seja apresentada.
Portanto é muito importante que o empresário converse muito com seus colegas que tenham Conselhos em suas empresas para saber de fato do que realmente se trata. Temos visto que muitos donos de empresas que querem ter Conselhos, relutam em abrir números, planos e projetos. Talvez eles nunca tenham tido ao seu redor pessoas para as quais pudessem descortinar seus planos, objetivos ou desempenho. A base para o bom andamento de um Conselho é a confiança em relação aos seus membros e a certeza que a confidencialidade será mantida. Daí a importância do quesito confiança e confidencialidade ser fundamental para a escolha de um conselheiro. De outro lado, um conselheiro não poderá exercer seu papel se não tiver um quadro real do que está acontecendo com os negócios e a empresa. Ele precisa de informações. Também não basta apenas escolher pessoas de confiança. Os empreendedores são orientados a buscar pessoas que "tenham cabelos brancos", isto é que acumularam experiencias e vivencias em suas vidas profissionais e que poderão enriquecer as discussões e os processos decisórios. Mas isto também não é o suficiente! O ideal é que a futura conselheira ou conselheiro possam de certa forma ser elementos que enriqueçam o encaminhamento estratégico da empresa.
Há ocasiões em que perfil do futuro conselheiro precisa casar com o destino estratégico definido para a empresa onde perguntas como :Para onde queremos ir? Que táticas achamos ideais para atingir os nossos objetivos? que pessoas podem nos ajudar a implementar o Plano Estratégico da Empresa? foram feitas à exaustão para poder então definir perfis.
Por exemplo, não é nada bom colocar um especialista em inseminação artificial no Conselho de uma empresa voltada à Tecnologia de Informação especializada em IA e que quer atuar no segmento de entretenimento. Também é muito frustrante chegarmos a uma reunião de Conselho e não termos os dados econômico-financeiros prontos e corretos para discussão. Este fato é muito mais comum que pensamos e alguns temas merecem reflexão. Muitos empresários que querem ter Conselhos, não olham para os processos administrativos de suas próprias empresas. Às vezes, a empresa não está apta a preparar relatórios mensais ou trimestrais de maneira fidedigna. Indo diretamente ao ponto, podemos dizer que um Conselho não pode analisar, aconselhar e fundamentar um processo decisório tendo por base relatórios mancos.
A falta de dados e números reflete o quanto uma empresa precisa amadurecer. Se fala muito em profissionalização de uma empresa, principalmente se ela é de gestão familiar. Profissionalizar é isto, ou seja, não colocar simplesmente profissionais do mercado no mando da gestão, mas sim administrar a empresa de forma transparente, ética e com seus processos bem definidos. Quantos empresários me confessaram que não querem abrir os números da empresa no Conselho pois não querem que seus filhos saibam sobre o desempenho econômico financeiro efetivo dos negócios. Ao mesmo tempo eles querem ter os filhos participando da discussão tática e estratégica dos negócios. Impossível casar uma coisa com outra sem correr um grande risco.
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