Pandemia! A família empresária precisa apertar o cinto?
O assunto fluxo de caixa nunca foi tão discutido como nessas últimas oito semanas. De fato, a pandemia do coronavírus levou muitas empresas a situações bastante críticas, causadas pela falta de demanda por seus produtos ou serviços, comércio fechado e problemas de importação entre outros. A sobrevivência é o foco e a meta de todos além de, se possível, manter o máximo de empregos e ressurgir com forças ao término dessa crise nunca vivida anteriormente.
E, para que isso possa acontecer, é vital que as empresas tenham recursos financeiros para se manter em pé nas próximas semanas e se reerguer. Os executivos e suas equipes assim como os donos dos negócios estão mais do que nunca com suas atenções voltadas os fluxo de caixa de suas empresas.
Neste contexto, os chefes das famílias empresárias, no âmbito da governança familiar, também se reúnem com seus familiares para discutir a situação de seus negócios e a necessidade de economizar recursos.
Talvez para alguns filhos, discutir sobre esses assuntos de forma tão aberta é algo novo. Mais contundente ainda é ter que falar sobre os meios financeiros que fluem da empresa para a família. Afinal das contas, boa parte do patrimônio particular, gastos de lazer, estudos e padrão de vida são financiados por suas empresas. O que acontece em muitas famílias é que apesar de se reunirem em torno de um Conselho , assuntos relacionados às finanças, distribuição de lucros, investimentos particulares são de gestão exclusiva do patriarca e a discussão não é compartilhada entre todos. Os filhos usufruem em todos os sentidos destes benefícios mas não estão a par sobre o tamanho real do patrimônio, os critérios de distribuição de lucros, retiradas periódicas, disponibilidades de recursos e assim por diante. De repente são solicitados a falar sobre todas estas questões, inclusive tendo de opinar sobre a redução de gastos pessoais e gerais relacionados ao patrimônio familiar.
Esta situação que muitas famílias empresárias estão vivendo nos leva à pergunta: deve a nova geração participar da discussão de questões ligadas à riqueza da família?
Acreditamos ser muito importante, que os jovens adultos participem dessas discussões. Afinal das contas estarão conversando e aprendendo a gerir o que um dia será deles. Mas é muito importante que isto seja feito de maneira estruturada e formalizada. Protocolos devem ser criados a partir de um processo de discussão entre todos os familiares sobre a destinação de recursos do patrimônio familiar. Quanto deverá ser destinado às despesas da família, ao lazer, às causas sociais e ambientais e para investimentos? Quem da família deverá administrar o patrimônio e quais relatórios deveriam ser apresentados aos demais membros do conselho familiar?
A gestão dos recursos familiares deve ser administrada tão profissionalmente como os negócios dos quais são sócios. A partir de relatórios confiáveis e de conhecimentos de todos é que a família poderia analisar e decidir em quantos buracos deverá apertar o seu cinto.
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