
O que as empresas Kongo Gumi e Hoshi Ryokan do Japão, Fonderia Pontifícia Marinelli da Itália, ou o Hotel Pilgrim Haus da Alemanha e Chateau de Goulaine, vinheria francesa têm em comum? A resposta é simples: elas estão nas mãos das mesmas famílias empresárias há mais de 500 anos. Algumas, como a Kongo Gumi, Pilgrim Haus e a vinheria francesa são administradas pela mesma família há mais de 1.000 anos.
Este grupo restrito de empresas familiares longevas são uma enorme exceção nas estatísticas apresentadas pelos estudiosos sobre o assunto.
Não só no Brasil como em nível mundial, apenas 30% das empresas familiares seguem nas mãos de uma mesma família após a primeira geração e menos de 10% ultrapassam a terceira geração.
No Brasil, onde a industrialização aconteceu bem mais recentemente, podemos citar algumas empresas que já ultrapassaram a quarta geração e estão no grupo das centenárias como o Grupo Gerdau, Grupo Dierberger, Salton, Hering, Cia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira, Tecelagem Karsten entre outras.
Ao faltar em longevidade, a sucessão aparece como fator importante a ser analisado pois a falta de um bom planejamento sucessório ou a simples falta de vocação dos sucessores, bem como os conflitos entre os sucessores dos quais 60% estão ligados em torno da disputa de quem se sentará na poltrona de comando são alguns aspectos importantes na realidade de uma empresa mais madura.
Do ponto de vista acadêmico, estuda-se muito os aspectos ligados à competitividade das empresas familiares pois é fato de que muitas deixaram de existir pois não souberam se modernizar, acompanhar as tendências do mercado e se adaptar à agilidade e flexibilidade requeridas pela economia 4.0.
A dispersão geográfica, a desagregação familiar e a diluição da participação no capital da empresa por parte dos herdeiros que em muitos casos nem conhecem mais os nomes de seus avós ou bisavós, são também importantes ingredientes para o encerramento das atividades empresariais.
Será que uma segunda ou terceira geração no comando de uma empresa familiar realmente busca a longevidade dos negócios como o fundador fazia? Uma boa oferta financeira para a venda da empresa pode ser um grande atrativo e certamente será avaliada quando não há porque continuar com o grupo de familiares.
Surge de novo a questão. Mas como alguns grupos conseguiram manter uma mesma empresa por décadas ou séculos a fio sob o comando da mesma família? No nosso modo de entender, ingredientes tão ou mais importantes aos citados anteriormente, são os pilares da longevidade dessas empresas. Podemos falar de crenças e valores de seus antecedentes, assim como protocolos familiares continuamente revisados e entendidos por todos. Também muito importante é a constante discussão dos mais diversos assuntos ligados à família e que fogem ao estritamente comercial e operacional. Havendo a habilidade da família em conduzir os seus negócios, valorizando e transmitindo este seu legado familiar para as gerações que se seguem, provavelmente as possibilidades de se falar em longevidade pode se tornar algo muito concreto. Pensando nisso, não é tão difícil imaginar o que os proprietários do Château Goulaine, Pilgrim Haus, Kongo Gumi ou Fonderia Marinelli estabeleceram como prioridades para manter seus negócios nas mãos de suas famílias por séculos e séculos.
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