O mito da privatização da Petrobras
Muitos devem se lembrar da fila de espera para receber um telefone nos anos 60/70. A Telesp, empresa publica, levava em torno de 4 a 6 anos para entregar a linha e o aparelho. Quem quisesse ter um telefone p90- tinha que desembolsar algo em torno de USD 5.000,00 ou tentar alugar uma linha telefônica, também não barata. O atraso nas telecomunicações foi gerando debates cada vez mais intensos na sociedade brasileira, com manifestações sindicais e de partidos políticos.
A privatização por fim chegou e o Brasil avançou com nunca em termos de telecomunicações. O Brasil não foi vendido aos interesses estrangeiros e o povo não ficou desassistido. Pelo contrário. Nos anos 80 e 90, aconteceram também muitos debates em torno da privatização das siderúrgicas gerando vultuosos prejuízos aos cofres públicos e que passaram por processo semelhante ao da Telesp.
Hoje o Brasil é um importante produtor de aço, empregando, gerando renda e recolhendo impostos aos cofres brasileiros. Podemos citar inúmeras empresas públicas que foram fechadas ou passaram para as mãos do setor privado tornando-se competitivas nacional e internacionalmente.
Atualmente ainda temos uma importante participação do estado, seja em empresas públicas ou de economia mista. Ao todo são 46 empresas controladas diretamente pela União que geraram prejuízos de R$ 22 bilhões nos últimos 5 anos. Considerando os aportes que o Tesouro fez para que essas empresas continuassem a sobreviver, elas custaram ao povo brasileiro R$ 71 bilhões. Porque elas continuam a ser mantidas desta forma?
Não somos contra as empresas públicas desde que estejam a serviço da sociedade e que requeiram estruturas e recursos que empresas do setor privado não poderiam ou não teriam interesse em alocar como, por exemplo, o caso dos Correios ou da Caixa Econômica Federal . Não podemos esconder o fato de que no ninho das empresas públicas ou de economia mista, o campo para a corrupção é fértil.
A má administração, muitas vezes conduzida por políticos que não entendem do negócio e que conduzem uma agenda própria e partidária, trazem resultados econômico - financeiros preocupantes para essas empresas.
Em companhias onde existe a participação governamental as leis de mercado são contrariadas, começando pela própria política de preços. Vamos olhar para o que vem acontecendo com a maior empresa brasileira de economia mista que é a Petrobras. Diretores são substituídos quando não atendem aos interesses políticos dos governantes da nação, em questões como a fixação de preços. As regras de governança são burladas, o papel do Conselho de Administração é relegado a um segundo plano.
Ao fazer isso, o governo se comporta como se fosse o único dono da empresa que tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores tanto do Brasil como no exterior e conta com investidores que, volta e meia, são desrespeitados.
Defendo que a Petrobras deva ser privatizada com os devidos cuidados. Ela precisa ser " de fato " uma empresa cujas normas da Boa Governança Corporativa sejam respeitadas, assim como a sua Administração. A privatização da empresa, a título do que ocorreu com a Vale, poderia ser um caminho muito interessante.
O setor privado poderia ser o sócio majoritário podendo o governo, se não se desfizer de todas as suas ações, deter ainda uma parte delas, mas o que é muito importante, o Poder Público deteria a Golden Share da empresa. Pela importância do assunto, os legisladores deveriam se dedicar ao tema, olhando para o futuro desta importante empresa, que não pode estar a serviço das pretensões políticas de nossos dirigentes.
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