Nunca foi tão importante ficar de olho no orçamento
Há muita resistência nos empreendedores, sobretudo nos donos de pequenas e médias empresas em relação à elaboração de orçamentos.
As desculpas são inúmeras. Vão de "Meu tipo de negócio não precisa disso" até as incertezas conjunturais, inflação e agora as dúvidas em relação ao mercado frente à crise gerada pela pandemia.
De fato, estamos vivendo novos momentos que exigem grande flexibilidade, criatividade, mobilidade, controle e criação de reservas financeiras para que as empresas se mantenham vivas no cenário de tanta indisciplina conjuntural.
Mas, mesmo nesse panorama de incertezas, as ferramentas orçamentárias são muito importantes. Até pouco tempo atrás elas se adequavam e eram concebidas para horizontes de muita previsibilidade. Trabalhava-se no Planejamento Estratégico pensando em 5 anos, algo hoje um pouco mais difícil de se considerar.
O conjunto de ferramentas que compõem o orçamento empresarial pode se resumir nas projeções de caixa, nos planos de investimento e finalmente nos mapas de receitas e despesas. Como instrumentos de trabalho tudo permanece igual. O que precisa mudar é o "mindset" dos administradores que precisam deixar de lado a questão da previsibilidade e estar prontos a enfrentar o imprevisível.
Em 6 meses de pandemia, algumas empresas tiveram um crescimento inesperado das vendas. Outras, uma parada brusca de faturamento e lenta retomada. A logística da distribuição também mudou e está se adaptando às novas tendências do mercado. O próprio trabalho em regime de home office está trazendo novas modalidades de relacionamento, regras de convivência e mudanças nas leis trabalhistas. Também não poderíamos deixar de mencionar as rápidas mudanças no mercado financeiro. Novas modalidades de financiamento surgem, taxas de juros se alteram rapidamente e assim por diante.
Essas inúmeras variáveis, que fazem parte do novo cotidiano, fazem com que todo o cuidado a ser tomado pelos gestores das empresas seja pouco. Assim sendo, o processo decisório e o planejamento do amanhã precisa ser feito de forma precisa e cirúrgica. Para tanto, é essencial que os relatórios de caixa sejam a prioridade dos administradores. Estes não podem mais pensar somente em quanto querem crescer nos próximos meses ou ano, mas sim, caso o mercado permita, o quanto a empresa suporta crescer. Qualquer crescimento, por exemplo, exige investimentos em capital de giro. É o momento de se verificar e calcular qual o folego que a empresa tem para um eventual crescimento sem colocar as finanças e situação de caixa em risco. O ritmo de entrada e saída de caixa também sofreu alterações. A discussão entre fornecedores e clientes é acirrada em termos de prazos de pagamento e recebimento. Com o quadro de funcionários que a empresa dispõe o quanto ela pode aumentar a sua produção?.
Como visto acima, importante é questionar o quanto a empresa "pode" e não o quanto a empresa "pretende". Para muitas organizações o " pode " significa importante crescimento. Para outras, a redução ou a reinvenção do modelo de negócios pode ser a tática a ser seguida. Tudo depende do montante de recursos financeiros disponíveis que precisam ser gerados ou tomados no mercado financeiro.
Mesmo nesse cenário é importante projetar e rever constantemente as receitas, despesas e comportamento de caixa. As projeções não devem ser mais anuais, e sim segmentadas em períodos bem mais curtos, bimensais por exemplo. A projeção do fluxo de caixa deve ser praticamente diária.
Quanto mais ligados estivermos nos relatórios econômico-financeiros mais seguros estaremos em relação às decisões a serem tomadas e, mais protegidos estaremos das surpresas que tanta insônia têm provocado nos executivos.
Não podemos aceitar desculpas de não ter ferramentas adequadas de gestão. Por menor que o negócio seja, elas deverão estar o tempo todo acompanhando os donos e gestores dos negócios como se fossem o painel de controle de um automóvel.
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