É muito comum artigos sobre empresas familiares falarem sobre conflitos. As estatísticas ao redor do mundo mostram que estes são uma das principais causas do fechamento dos negócios, que têm como estopim a rivalidade entre irmãos, processos de sucessão mal conduzidos, sucessores mal preparados e assim em diante.
Neste contexto a formação de Conselhos Familiares, Consultivos ou Societários é em elemento central da estrutura organizacional e da governança corporativa das organizações. Paralelamente à ideia da governança e profissionalização, os conselhos são a porta de entrada dos herdeiros no primeiro contato com os negócios de seus parentes.
É muito comum os pais colocarem os filhos para trabalhar em suas empresas. Geralmente iniciam com trabalhos menos qualificados para, gradativamente , no decorrer dos anos, assumir atividades de maior responsabilidade. Os futuros herdeiros são em geral orientados e acompanhados por funcionários mais graduados . Na grande maioria dos casos existe pouca convivência entre pais e filhos no âmbito dos negócios e os pais não observam o desenvolvimento dos filhos e a manifestação de sua personalidade no ambiente de trabalho. Num certo momento se aproximam no contexto de suas atividades a nível tático, estratégico e de governança.
Os conselhos, como já dito, servem como porta de entrada. Todos os filhos, sem exceção deveriam participar deles e não necessariamente iniciar o contato com a empresa pelo chão da fábrica. A partir de uma certa maturidade, 16 ou 18 anos, os jovens poderiam acompanhar as reuniões como ouvintes. Teriam a oportunidade de conhecer o mercado de atuação dos negócios da família, o desempenho econômico financeiro, sustentabilidade, ambiente sócio político, etc. Nestas reuniões os pais teriam mais possibilidades de observar seus filhos, acompanhar o seu desenvolvimento e amadurecimento como indivíduos e medir o real interesse que têm pela empresa familiar.
Ao longo dos anos, tenho visto os mais diferentes perfis dos jovens futuros herdeiros. Posso destacar alguns por aqui:
- Os da falta de interesse – são os jovens que não demonstram nenhum interesse e preocupação com os negócios da família. Fogem das reuniões de conselho.
-Os alheios – participam de forma desatenta. Buscam se distrair com outras coisas no decorrer das reuniões mas de uma ou outra forma participam dos encontros.
- Os atentos – mostram interesse em relação aos assuntos em geral. Têm postura introvertida. De tempos em tempos fazem perguntas ou observações de extrema pertinência
- Os participativos – são os jovens que emitem opiniões, fazem perguntas e mostram abertamente que querem aprender e fazer parte do conselho
- Os pró-ativos – aqueles que além de participativos, trazem ideias novas, análises e querem ser protagonistas
Acompanhando os filhos nas reuniões de conselho, os pais têm um rico material humano para observar e moldar preparando seus filhos de fato para serem controladores de suas empresas. Isso requer um intenso contato e troca de ideias com os futuros herdeiros, independentemente de seu perfis como indivíduos e seres humanos.
Nem todos os herdeiros trabalharão na empresa, mas todos, inclusive por força da lei, serão donos. Nada melhor que um Conselho onde irmãos e parentes possam, em conjunto e harmonicamente, exercer o controle e o desenvolvimento dos negócios de suas famílias. Caso contrário, as chances de surgirem mal entendidos, visões antagônicas e divergências aumentarão muito.
(*) Thomas Lanz
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