No mundo empresarial, encontramos diferentes cenários que refletem a capacidade dos empreendedores em administrar os seus negócios em relação ao caixa e às reservas de dinheiro que pretendem ter para eventualidades que possam ocorrer. Temos, num extremo, as empresas que desde os seus primórdios enfrentam sérios problemas de caixa devido, por exemplo, ao insucesso do lançamento de seus primeiros produtos, falha no Plano de Negócios onde não foram projetados corretamente os recolhimentos de tributos e impostos e outras tantas causas. Nesta fase, os fundadores injetam todo o capital disponível e acabam por ficar sem reservas para continuar a investir na sua criação sendo que o acesso ao suporte dos bancos também pode ser muito difícil.
No outro extremo, encontramos a situação inversa, na qual os empresários sempre contam com recursos disponíveis para financiar suas necessidades de capital de giro ou realização de investimento. Conseguem administrar seus recursos em geral com mãos de ferro.
E, por fim, talvez representando a maioria dos empresários, temos aqueles que conseguem administrar suas empresas buscando recursos junto ao mercado financeiro, para suprir parte de suas necessidades para o giro e investimentos.
Esta situação é bastante comum e, se bem administrada, não causa maiores entraves para a empresa. Infelizmente existem situações que podem afetar de uma hora a outra a situação de caixa de uma empresa. Por exemplo, condições climáticas podem interferir no ritmo de colheita de um empreendimento agrícola. Conflitos no exterior podem, de uma hora para a outra, travar o fluxo de logística causando a falta de insumos e matérias primas necessárias para a manufatura dos produtos.
O insucesso no lançamento de uma nova linha de produtos pode acarretar grandes problemas no capital de giro, pois já foram empregados os insumos necessários para a fabricação dos produtos. Catástrofes naturais como inundações estragando e inutilizando equipamentos podem também gerar enormes prejuízos para os negócios. A solução disponível para os empresários em apuros é ir aos bancos para buscar os recursos que necessitam.
E, como tendência, é comum dar continuidade nesta prática e atolar-se cada vez mais no endividamento. Para muitos empresários não passa pela cabeça que existem outros mecanismos que podem mitigar esta situação. Uma delas, e a mais recomendável, é se desfazer de ativos para cobrir o endividamento, ou seja, integrar recursos próprios no capital da empresa. Muitos empresários, ao longo dos anos, puderam erigir um belo patrimônio pessoal, em geral na forma de terras, terrenos, imóveis e ações. Para a maioria deles, se desfazer do patrimônio para injetar os recursos na empresa é muito difícil e requer grande determinação. Muitas vezes a venda de um patrimônio depende da anuência do cônjuge. O assunto precisa ser bem conversado e pode causar conflitos ou sérias discussões em âmbito familiar. Não é sempre que as pessoas estão a par do que acontece nos negócios. Outro desafio é o de se desfazer do patrimônio colocando-o à venda. A liquidez de um imóvel muitas vezes está bem aquém do esperado e os recursos advindo da venda geram despontamento. Também no momento de serem feitos cálculos a questão dos impostos não é levada em conta. O lucro imobiliário é pesado e reduz ainda mais a parcela que era aguardada. Para muitos pode surgir outro complicador quando os bens já foram doados para os filhos com usufruto financeiro.
É claro que toda a situação terá que ser discutida e esclarecida com os herdeiros o que nem sempre é fácil envolvendo questões familiares e de relacionamento. Assim, ao se fazer um empréstimo junto ao sistema financeiro, que pode significar algo muito negativo para o negócio a médio / longo prazo, caso não seja bem administrado, precisamos antes de mais nada pensar se não estamos entrando em zona de perigo para quitar a dívida. Como já mencionado, o melhor caminho seria capitalizar a empresa. Outra alternativa seria eventualmente reduzir as atividades da empresa, reduzir o capital de giro, negociar mais favoravelmente para a empresa contratos com fornecedores e clientes.
Ao se fazer o planejamento empresarial ,temos antes de mais nada pensar na segurança dos passos financeiros a serem dados, para não colocar em risco os negócios e o próprio patrimônio. É melhor se desfazer de uma parte do que perder tudo.
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