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A perpetuação da empresa familiar é um mito



  




Um grupo de aposentados está  sentado em volta de uma mesinha em um bar, trocando idéias. São  sócios majoritários de empresas bem sucedidas que agora estão sendo administradas por seus sucessores. Cada um conta seus "causos" de  como foi trabalhar no crescimento de suas empresas. Contam histórias, sobre filhos e sobrinhos que atuam nos negócios. Dos netos, ainda pequenos, mal se fala e as gerações futuras não estão no imaginário dos participantes do grupo. 

De fato, é raro um empreendedor pensar nos bisnetos, tataranetos quando se trata da sucessão de seus negócios. Esta é uma tarefa a ser deixada para os filhos e netos. Na verdade, o que é mais comum é o afastamento e desinteresse das  novas gerações no negócio da família.  

Além disso, é  também muito comum  o afastamento geográfico das novas gerações. Quantos netos ou bisnetos não vão viver em outras cidades, estados ou países? O próprio desenvolvimento profissional dos herdeiros vai, muitas vezes, em direção totalmente diversa dos negócios da família. Em resumo existe uma dispersão natural da família. Será que é  infundado ou mesmo fora de propósito alguém da terceira ou quarta gerações, ainda pensar na perpetuação do negócio familiar? Os sócios dispostos a se debruçar sobre um plano de sucessão de várias gerações,  não deveriam pensar na próxima geração mas sim nas  subsequentes. Perguntas básicas teriam que ser formuladas, como por exemplo: queremos progredir para uma corporação familiar? Vamos vender nosso negócio  e distribuir o resultado da venda entre os núcleos familiares sócios? Vamos criar um family office estruturado tendo por base o modelo de uma financeira? e assim em diante.  

Os prós e contras precisariam ser muito bem pensados e discutidos com os núcleos familiares herdeiros do negócio. 

Na realidade os fundadores ou donos do negócio não têm uma bola de cristal para antever as variáveis  que poderão surgir em relação à sucessão e a perpetuação do negócio familiar. No fundo existe um mito de que o negócio familiar " precisa " ficar nas mãos da família e de preferência  sob sua gestão. Trata-se de  uma utopia e a história das empresas familiares tem demonstrado isto. O certo seria que o dono da empresa pensasse em dois aspectos: O primeiro, seria a de preparar a empresa com seus processos, métodos e governança  para que esta possa ser administrada por qualquer um, seja  herdeiro, um gestor de fora do negócio ou outro controlador. O segundo aspecto seria apenas pensar em passar o bastão para a próxima geração. Esta deveria estar preparada para administrar ou controlar o negócio e, o que é o mais importante, estar apta a tomar decisões sobre a sucessão em âmbito da família. 

São tantas as variáveis compondo a delicada equação da perpetuação de uma empresa familiar, que somos confrontados por inúmeras alternativas e possibilidades levando-nos a concluir que o melhor é não pensar num longo futuro geracional. 

Olhemos para próxima geração,  isto tudo dentro de uma certa previsibilidade em nosso mundo de imprevisibilidades. Arquitetar a sucessão por muitas gerações pode até parecer leviano. Afinal das contas queremos que nossos filhos, bisnetos e tataranetos sejam pessoas realizadas e felizes. Mas sabemos que não é atando-os ao patrimônio familiar que isso irá acontecer. 

Devemos nos esforçar em manter os laços familiares e uma família unida por maior que ela seja. Para tanto, os valores, a cultura e os princípios do fundador da família devem ser transmitidos de uma geração para outra.  Este será o maior legado a ser transmitido, permanecendo ou não a empresa nas mãos da família.

1 Comment


Cynthia Fior
Cynthia Fior
Jun 01

Acontece que, na busca do sucesso da empresa, muitos esquecem suas famílias, acabam formando outras que entram em conflito e os valores se perdem. Ter uma família unida, mesmo quando ocorre divórcio, é fundamental para a continuidade dos negócios de família nas próximas gerações.

Muito bom, Thomas

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