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A decisão de ter um Conselho na empresa 




À medida que os anos vão passando, a  Governança Corporativa, vem se enraizando cada vez mais nos meios dos negócios e empresariais. Se antes,  ela estava voltada às grandes corporações, hoje cada vez mais médias, pequenas, sociedades anônimas ou limitadas já incorporam Conselhos e práticas de governança em sua gestão . E o que vem ser a boa Governança Corporativa?

Nas escolas de administração de empresas ou em instituições como o IBGC, estudos e refinamento do arcabouço teórico da Governança são aprimorados, com o objetivo de, uma vez aplicados,  levar as empresas a uma maior transparência de sua gestão, agilidade, equidade e prestação de contas. 

No mundo em que vivemos, onde infelizmente a ética não possui lugar em nenhum pódio, os quesitos da boa Governança se fazem cada vez mais necessários. 

E para que as empresas possam atender o que hoje é demandado em termos de uma boa  governança elas precisam  preparar  seus processos.

Assim vemos cada vez mais organizações instalando seus conselhos, contratando conselheiros externos e independentes, comitês, atendendo às exigências do compliance e do ESG. É notório como rapidamente cursos, seminários e MBA's sobre governança têm sido divulgados e ministrados para os profissionais interessados no assunto atestando a importância que está sendo dada ao assunto.

Um dos principais pilares da Governança é o Conselho e desta forma os empresários estão mostrando grande interesse em montar estes grêmios. Também  buscam adquirir os seus conhecimentos teóricos sobre o assunto e montar com a ajuda de consultores ou por conta própria os conselhos em suas empresas. Neste contexto ressalto que um ponto primordial não é levado em consideração pelos empresários dirigentes  em relação à formação dos conselhos em suas empresas. Trata-se de sua própria relação pessoal com tudo isto, pois muita coisa acontecerá, podendo afetar inclusive o estado emocional do dono da empresa, sem que ele o perceba claramente. 

Se até agora o " patrão" era o senhor do negócio e tomava as decisões de forma independente, conforme a sua percepção e conhecimento, a partir  da formação de um conselho isto muda. O processo decisório passa por uma discussão com outras pessoas, terceiros, herdeiros, cônjuges e familiares. Para que o processo transcorra sem embaraços, informações que antes o " patrão " guardava para si terão que ser compartilhadas. Nem sempre isto é de seu agrado. Muitos chefes de família e donos de negócio relutam em divulgar dados econômico-financeiros de seus negócios  aos seus herdeiros. Acham que isto ainda é prematuro, ou tem  receio em relação aos agregados que passarão a saber a   dimensão patrimonial e de geração de recursos financeiros da empresa. 

Sabemos que a participação dos herdeiros nos conselhos é importante para sua formação como sucessores da gestão ou controladores dos negócios e que a discussão de assuntos econômicos são itens muito importantes da pauta de reunião de um conselho. Sem estas discussões e análises a reunião de Conselho será pouco eficaz. O conselho deve, entre outros assuntos, tratar da sucessão da gestão nos negócios. Os sucessores poderão ser as filhas ou filhos ou profissionais selecionados no mercado, para as mais diversas posições da alta gestão, inclusive a do CEO. Este assunto alerta o " dono " que seu horizonte de vida profissional não é eterno e que ele precisa iniciar  sua sucessão com o devido plano de transição.  Em geral, este assunto é procrastinado de reunião em reunião, pois ninguém gosta de se imaginar fora da empresa, em especial aquele que com muito esforço e dedicação a formou. Quando o assunto chega à reestruturação societária, com a eventual formação de holdings, com o intuito de se buscar a proteção patrimonial e pessoal dos sócios assim como mitigar conflitos futuros em relação à posse patrimonial da família, o que importa ao chefe da família é a economia tributária que eventualmente a movimentação societária trará e não os demais benefícios que são tão ou mais importantes que os relacionadas com dinheiro. Em resumo, através de alguns assuntos expostos não é difícil imaginar que um ou outro tema deixam os empresários bastante angustiados. Às vezes, no leito da morte é que as últimas assinaturas são colhidas, a pedido do próprio sucedido que partirá, o que é muito triste. Tantas coisas poderiam ter sido  realizadas e discutidas calmamente com o apoio do Conselho. Montar um Conselho na empresa não pode ser uma questão de status ou modismo, mas sim ser uma ferramenta de excelência no que tange à governança corporativa do negócio, trazendo consigo um crescimento e desenvolvimento sadio. Quanto mais cônscio o "patrão" estiver de sua relação íntima e pessoal com  os vários aspectos abordados pelo Conselho,  maiores serão as chances de que suas decisões em relação ao presente e ao futuro sejam tomadas isentas  de cargas emocionais.





 

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