Quando sucessores não têm interesse pelos negócios da família
A cada dez anos novas gerações vão se formando e mudando o cenário empresarial. Gerações Y, Z e millenials têm sua maneira de ser, interesses pessoais e profissionais que com certeza já são bem diferentes da geração de seus pais.
A velocidade de novas descobertas e a proliferação
de novas conquistas tecnológicas, que interferem nitidamente em nosso dia a dia, faz com que observemos sem muito esforço as transformações que vêm ocorrendo nos indivíduos, distanciando de certa forma as gerações em questão de poucos anos e afastar uns dos outros.
Esta movimentação também alcança o universo de algumas empresas familiares. A maior manifestação neste sentido é percebida pela falta de interesse dos futuros herdeiros nos negócios da família. Eles têm o potencial e a capacidade de ingressar nas empresas de suas famílias, mas preferem buscar alternativas profissionais fora delas. Porque? Para eles os produtos ou atividades de uma empresa familiar tradicional não apresentam mais nenhum atrativo. Não ter a possibilidade de criar, experimentar e colocar em prática suas ideias; se sujeitar a disciplinas empresariais rígidas e, como membros da família, ter o peso de ser exemplo a ser seguido pelos funcionários; ter um ambiente familiar pouco receptivo a suas ideias e sugestões; ter como horizonte de vida profissional o mesmo local de trabalho, a mesma atividade e a mesma rotina, são realidades das quais alguns jovens herdeiros querem se afastar.
O que um chefe de família, CEO dos negócios familiares e eventualmente fundador da empresa deveria fazer? Não existe uma resposta única e pronta para a questão, mas podemos dar algumas sugestões que possam mitigar este ponto de tensão formado em torno das relações pais e filhos.
O fundador da empresa, deveria através de leituras, palestras e seminários conhecer o universo dos negócios proporcionados pela realidade 4.0, berço contextual das novas gerações. Demonstrar aos filhos que existe um certo conhecimento e interesse em trocar ideias sobre suas motivações e ambições pessoais. Mostrar aos filhos o modelo empresarial dos negócios familiares existentes, seus desafios, sucessos e problemas. Avaliar conjuntamente se existiria a possibilidade de uma participação da empresa familiar no universo 4.0. .
O empresário pai de família não deveria descartar a possibilidade de investir numa ideia apresentada pelos filhos para um novo negócio. Caso existisse pré disposição e recursos financeiros para tanto, isto deveria ser feito de forma profissional, assumindo o pai o papel de um investidor anjo ou investidor de risco. Prazos para o sucesso do negócio deveriam ser estabelecidos.
Concomitantemente os filhos teriam que conhecer os negócios da família do qual um dia serão sócios. Isto poderia acontecer como membros ouvintes do Conselho da Empresa de onde acompanhariam a movimentação tática e estratégica dos negócios e onde seriam convidados a aprenderem algumas ferramentas de controle econômico financeiro dos negócios tradicionais.
Falamos sobre filhos que buscam outros caminhos e ideias de empreender. Herdeiros que tem por natureza outros interesses profissionais em áreas totalmente diversas a dos negócios da família, como arte, medicina ou outros deverão ser estimulados a perseguirem seus projetos acadêmicos e profissionais.