Nada mais gostoso do que assistir a um bom jogo da Copa do Mundo, principalmente quando a nossa seleção sai vitoriosa do campo. Melhor ainda quando ela ganha o campeonato trazendo a taça para casa. Nas semanas que antecedem o evento, milhões de técnicos de futebol que compõem a população do País, trocam ideias sobre os jogadores que deverão ser selecionados, as equipes que irão participar, as chances de vitória e assim por diante. O clima de copa é uma festa generalizada.
É dado o apito inicial da partida e o jogo se desenrola. Rapidamente nossa atenção se volta a diversos aspectos tais como: jogo em equipe, movimentação tática, desempenho dos diversos atletas em suas posições e assim por diante. Em cada jogo se destacam jogadores, que compartilham com seus colegas de equipe o êxito alcançado pelo gol marcado, a bela defesa efetuada ou o bom passe dado. À beira do gramado, observando, gesticulando e dando ordens em altos brados temos o técnico da equipe que tem papel fundamental na escolha dos atletas, orientação tática e disciplinar principalmente durante os treinos e intervalos dos jogos. Em resumo, o resultado de um jogo depende em grande parte da equipe que foi preparada para o embate esportivo.
No mundo dos negócios, em especial no universo das empresas familiares, também temos o nosso técnico e a equipe de funcionário a ser orientada. No início temos a figura central do fundador.
Com seu espírito empreendedor, visão, arrojo e determinação ele consegue, a partir de uma ideia e talento nato, erguer uma empresa da estaca zero. Durante muitos anos ele joga em todas as posições de sua empresa, vendendo, produzindo, comprando, administrando e assim por diante.
Não podemos deixar de observar que muitos pioneiros foram secundados por grandes e talentosos colegas que se dedicaram às tarefas ao qual o craque empresarial não era afeito, como por exemplo as tarefas rotineiras de escritório.
Na vida real, ao contrário do que se passa nas agremiações esportivas em relação à constituição de seus times, os empreendedores em geral não dão a devida atenção à formação das equipes e de seus próprios sucessores. Um dia estes pioneiros não estarão mais presentes em suas empresas. Como consequência, uma carreira e empreendimento de sucesso poderão ao longo do tempo se transformar em retumbante fracasso, principalmente na falta do fundador.
Um empreendedor “completo” seria aquele que além de jogar bem em todas as posições na fase inicial da sua criação, já pensaria como bom técnico em montar uma equipe de excelência para administrar a sua empresa. Como pai de família teria que pensar nos filhos que trabalhando ou não na empresa seriam no futuro sócios do negócio e coadjuvantes de importantes decisões. Muitos outros aspectos teriam que ser por ele cuidados tais como a parte societária, visando a prevenir uma divisão litigiosa futura dos negócios entre os herdeiros uma vez estando afastado dos negócios. A estrutura administrativa da empresa necessitaria ser redesenhada para que os diversos gestores formassem uma equipe bem estruturada que conseguisse levar a organização ao seu desenvolvimento e crescimento. O processo da passagem de bastão do comando requereria ampla discussão e amadurecimento. Em resumo, o fundador, precisaria desde cedo trabalhar no sentido de formar um conjunto vencedor no ambiente de seus negócios, a nível de gestão e governança corporativa.
No mundo empresarial os horizontes são muito amplos e não se restringem apenas a uma partida ou a um campeonato. Estruturar uma equipe que possa ser vencedora por muitos e muitos anos passa a ser um dos maiores desafios que os “craques“ empresariais enfrentam.